sexta-feira, novembro 30, 2012


Pois é pessoal, chegamos ao final de mais uma edição do Rio XC!

Sendo assim, convido vocês a decolarem comigo neste texto, para fazermos um apanhado do campeonato deste ano!

Estão prontos, checados e engatados?

Então vamos lá!

Logo de saída, este texto decola e começa a perder um pouco de altura, parece que a condição não estava tão farofa quanto parecia olhando da rampa... Reconheço que edição 2012 de nosso campeonato recreativo não contou com o mesmo sucesso dos anos anteriores, pelo menos em termos da empolgação com que os pilotos se dispuseram a voar dentro do estado do Rio.

Digo isso em termos da competitividade do evento, porque o Rio XC 2012 teve sim todos os elementos que caracterizam um campeonato cujo principal objetivo é o treinamento e evolução pessoal dos pilotos participantes, em especial dos pilotos intermediários que começam a abrir suas asas para o XC, mas também para os pilotos avançados que querem usar o incentivo extra para se prepararem para as competições.

Bem, parece que o vario deu uma apitadinha aqui, vamos tentar enroscar, mas... Enroscamos numa falsa térmica, e entramos numa pequena descendente, pois somos obrigados a identificar um problema, que é comum ao voo-livre de asa de uma forma geral: o declínio de novos participantes. Isto ficou claro na Categoria Intermediária que só contou com os pilotos Cristiano Nunes e Fernando Trindade Vivas.

Uma forma positiva de encarar este fato seria pensar que o Rio XC, depois de vários anos, conseguiu elevar seus participantes a uma categoria superior, a Categoria Open, que continua bastante disputada.

Mas agora a descendente aumentou de força, visto que a outra forma de entender isto é constatar que há um declínio acentuado na formação de novos e jovens pilotos que deveriam estar integrando a próxima geração de campeões cariocas.

Puxa, o voo está bastante difícil, as asas estão rendendo bem, mas já faz algum tempo que o vario se calou...


Faço aqui neste texto, que deveria tratar prioritariamente de fazer um balanço do campeonato em si, uma pequena digressão sobre o problema levantado acima.

Este fator do declínio de novos participantes não é exclusividade dos Clubes de Voo do Estado do Rio, é algo que afeta todas as organizações de Asa-Delta, até mesmo em nível mundial. Para tentar reverter este quadro os Clubes precisam incentivar os cursos de voo e os instrutores. O CSCVL está tentando se organizar para isto, e o exemplo deveria ser seguido por todos os demais clubes.

É importante notar que o Parapente conseguiu se organizar com mais eficiência, em termos de instrução, pois esta atinge números muito mais expressivos do que os da Asa-Delta, ainda que a asa, estatisticamente, tenha um maior fator de retenção, isto é, o novo piloto de asa tende a permanecer praticando o esporte por muitos anos, em maior percentual do que o novo piloto de parapente.

Ainda assim, mesmo que um grande percentual de novos pilotos abandone o Parapente, a constante exposição do esporte a uma maior quantidade de potenciais participantes favorece o aprimoramento da qualidade, ou seja, um maior número de pilotos talentosos é descoberto, e são estes que tendem a permanecer no esporte, elevando automaticamente o nível médio dos pilotos.

Ôpa! Aqui esbarramos numa térmica digna deste nome, o vario começa a apitar fraquinho e vai a termal ganhando força pouco a pouco. Esperamos que os novos praticantes que se formaram em 2012 possam em 2013 participar do Rio XC incrementando a Categoria Intermediária. Sei que todos nós torcemos para que mais pessoas se interessem em aprender Asa-Delta no estado do Rio, mas, como apenas torcer não adianta, sugiro a todos os pilotos em atividade que se interessem em divulgar a participação no Rio XC para todos os novos pilotos que conhecerem.

Da mesma forma, quando encontrarem pessoas interessadas pelo esporte, seja nas rampas, nos pousos, através de amigos, que dediquem 5 ou 10 minutos a explicar como o esporte é bacana, como ele pode ser praticado com alto nível de segurança, e encaminhem o interessado ao seu Clube de Voo, para maiores informações.

Não posso deixar de mencionar que é importante fazer uma avaliação preliminar do potencial candidato. Não é qualquer um que deve ser aconselhado a voar de Asa-Delta. Acho que isso nós já aprendemos ao longo do tempo. Algumas pessoas são do ramo, outras não levam nem jeito. Longe de ser preconceituosa, este tipo de seleção, às vezes um pouco intuitiva, visa a proteger o interessado incauto que poderia se acidentar. Sabemos que o voo de asa não é um esporte tão simples, ele exige uma boa coordenação motora, uma boa noção de espaço tridimensional e uma atitude de reação rápida a tomadas de decisão.

Irei propor dentro em breve que o CSCVL, por exemplo, adote um pequeno questionário que visa a descobrir se o potencial interessado em instrução tem capacidade, tempo, e até mesmo condições financeiras a se dedicar com segurança ao esporte. Na falta de um questionário, uma simples avaliação de como a pessoa dirige, já fornece algumas pistas sobre a coordenação do candidato. Temos que ficar atentos a estes detalhes.

Um dos motivos da alta deserção no parapente é que ele tende a ser ensinado como algo fácil. Paradoxalmente, ao assumirmos que voar de Asa-Delta não é fácil, tendemos a diminuir, através de uma maior qualidade dos pilotos em longo prazo, o maior fator de aversão ao esporte: a percepção de que ele é perigoso.


A termal nos deixou animados, mas logo estamos na tirada perdendo altura novamente...Continuando com nosso balanço sobre o Rio XC 2012, talvez também um outro fator contribuinte para uma menor combatividade na Categoria Open este ano, tenha sido uma consequência do aumento da percepção de que alguns voos que tornaram a disputa mais emocionante nos anos anteriores, aconteceram em áreas proibidas e alguns até mesmo em áreas perigosas.

Voar longe no Estado do Rio não é uma tarefa tão fácil, pois as áreas inerentemente mais indicadas para o voo de asa, muitas vezes são espaços aéreos movimentados. As áreas que não tem movimento de aeronaves muitas vezes são serras com limitações de pousos e relevo acidentado. Com isso o piloto que faz voos de alta pontuação no Rio tem que ser sagaz e organizar delicadamente suas rotas para poder voar com segurança.

Agora o vario apitou forte, jogamos para dentro da termal de faca com a asa estalando com a força da térmica! Faço meus sinceros cumprimentos aos pilotos que participaram desta edição, pois não apenas houve uma grande diminuição de voos realizado através de áreas de maior tráfego aéreo como não houve nenhum relato de acidente ao longo de todo o ano. Este é sempre o maior mérito de cada edição do Rio XC que no ano de 2012 novamente não nos desapontou!

A termal diminuiu um pouco de força, mas o vario continua apitando, a termal agora está um verdadeiro salão, lisa e constante mas um pouco mais fraca. Outro ponto que pode ter contribuído para um menor interesse dos pilotos de uma forma geral foi o novamente extraordinário domínio do piloto Geraldo Nobre que se sagrou Hexa-Campeão do Rio XC! Repetindo parcialmente sua famosa tática de realizar largos triângulos durante a temporada de verão, logo no início do ano e combinando-os com alguns impressionantes voos de distância, Geraldo continua ditando o "teto" do campeonato, ano após ano.

Posso até dizer que esta "tampa" que o Geraldo aplica no início da temporada desanima os pilotos que correm atrás, mas não poderia jamais dizer que o título deste ano, assim como o de todos os outros anos, não foi super merecido! Geraldo Nobre é a essência do voador de XC e tem domínio e conhecimento dos principais picos de voo do Estado do Rio. Temos o privilégio de poder contar com a régua do Geraldo para podermos medir nossos próprios esforços!

Partimos na tirada outra vez com boa sustentação, os pilotos se espalham para tentar achar a próxima termal. Bem, o núcleo do Rio XC é constituído pelas rampas de Petrópolis e Nova Iguaçu. Esta última, que já foi palco de voos de recorde estadual e que conta com o caldeirão de Nova Iguaçu para alimentar a condição da Serra do Vulcão, acaba sendo mais utilizada pelos pilotos locais, pois ela apresenta dificuldades de acesso muito grandes, e para o piloto que sai do Rio acaba sendo mais vantajoso ir logo para Petrópolis.

Prosseguindo nesta tirada nos deparamos novamente com algumas descendentes. As rampas de Petrópolis, além do acesso muito mais fácil, também apresentam uma condição de voo com potencial ainda melhor do que Nova Iguaçu, principalmente pela altitude dos picos da Serra dos Órgãos e maior facilidade de rotas de XC sobre áreas menos densamente povoadas. No entanto, elas sofrem com um crônico problema de pousos oficiais.

As rampas da Siméria e do Morin se apoiam no pouso de Fragoso, que é pequeno, turbulento, e cercado de obstáculos em todas as direções. Para completar é grande o número de pipas sendo empinadas pela molecada - e pipa com cerol é muito perigoso para uma Asa-Delta! - e a qualquer momento o piloto mais descuidado pode ser surpreendido por algum evento que tenha lugar no gramado, como uma feira popular, e que poderia definitivamente complicar ou até inviabilizar completamente o pouso.

A descendente aumenta, o que indica talvez que estejamos próximos de alguma térmica. Falemos sobre a rampa do Parque São Vicente, cujo pouso "oficial" nunca é tão oficial assim, pois toda hora está mudando, seja em função de uma nova plantação, seja em função de uma implicância dos donos dos terrenos, etc. Eu mesmo admito que um dos fatores que me desanimou de voar Petrópolis este ano foi a falta de um pouso oficial com biruta. Por mais que contemos com nossa capacidade de estampar e sair para um cross, não faz sentido termos que obrigatoriamente conseguir isto para escaparmos de um pouso complicado. Se pudéssemos contar com um bom pouso para a rampa do Parque São Vicente, voar em Petrópolis diminuiria seu fator de aventura e aumentaria o fator de campo de treinamento de XC!

Ah, finalmente! Era óbvio! Em voo-livre algumas coisas são o contrário da vida real: tudo o que desce muito tem que estar subindo rápido em algum lugar. O barulho do vario é música para meus ouvidos e temos boas novidades neste departamento: nosso amigo Geraldo Magela, o "Lalado", conseguiu um acordo com um proprietário de uma fazenda e o CSCVL fará uma pequena contribuição para ajudar o Clube de Petrópolis a manter este pouso em excelentes condições. Com isso voar em Petrópolis no próximo verão será mais seguro e mais agradável. Dentro em breve os pilotos serão convocados pelo Lalado para fazer uma revoada inaugural deste pouso! Fiquem ligados nesta chamada!

Agora derivamos um pouco em direção às montanhas e engatamos definitivamente numa térmica forte que nos leva ao ponto mais alto deste voo! Aqui eu gostaria de destacar os dois voos mais impressionantes do Rio XC 2012!

Obviamente estou falando do novo recorde estadual batido pelo Konrad Heilmann e do sensacional expresso Petrópolis-Angra dos Reis inaugurado por ele - e quem mais? - Geraldo Nobre! Konrad é um piloto batalhador, o mais constante representante do Brasil em campeonatos internacionais e um excelente piloto de Cross Country, e que já fez voos antológicos no Rio XC, como a travessia Sapucaia-São Gonçalo, e que este ano conseguiu aquele que, em minha humilde opinião deveria ser o objetivo máximo de um campeonato de XC: a quebra de recordes de distância em linha reta, a disciplina definitiva do voo de Asa-Delta. Parabéns Konrado por elevar a barra para o resto de nós!

Já Geraldo Nobre é este mago do XC, que além de dominar a pontuação com seus voos de triângulo, conseguiu realizar rotas de distância livre sensacionais e inusitadas este ano, como por exemplo decolar de Petrópolis e pousar próximo a Itacoatiara. E quando provocado ele ainda aparece com um voo-espírita como esse de Petrópolis para um pouco além de Angra dos Reis! Não consigo nem imaginar a emoção de sobrevoar aquela Serra de Mangaratiba, chegando sobre o mar cor de esmeralda de Angra. Se quisesse, poderia até ter pousado na Ilha Grande, mas podemos entender que ele tenha preferido o conforto de pousar no continente. Aliás, será que alguém já pousou de Asa-Delta na Ilha Grande?

Vocês podem ler sobre estes dois voos fantásticos nos artigos anteriores do nosso Blog, logo abaixo deste texto!

Mas epa, aqui vocês vão notar que a termal forte deu uma falhadinha de repente. O organizador do campeonato e editor deste blog desapareceu no início do ano... Onde ele estava? Bem, aqui peço desculpas aos participantes por não ter dado uma atenção maior ao campeonato. Talvez uma maior divulgação, provocações, agitos, artigos no blog, pudessem ter motivado os participantes a voar mais. Em minha defesa quero dizer que um dos fatores que me distraiu da organização e incentivo ao campeonato foram os próprios voos, pois tive um primeiro semestre muito voado, em vários picos diferentes, mas não no Estado do Rio, com ênfase em participação em campeonatos, o que costuma ser bastante intensivo. Já no segundo semestre tive, e ainda estou tendo, que correr um pouco atrás do vil metal, e resolver alguns problemas da vida prática. Sendo assim, no que toca ao Rio XC 2012, todos os meus voos acabaram sendo realizados da Pedra Bonita, pela facilidade operacional como um todo e por estar envolvido com o Clube. Mas espero que ao menos este texto de final de ano gere algum interesse e esquente a disposição dos pilotos para entrarem em 2013 ferozes!

Finalizando o texto com a termal subitamente bombando forte de novo, espero que possamos fazer um campeonato ainda melhor e mais seguro em 2013, e aproveito para parabenizar mais uma vez nossos grandes campeões deste ano.

Cristiano Nunes, o Campeão Intermediário, foi um piloto que cresceu muito durante o ano de 2012, finalizando no top 10 da Categoria Open. O assombroso Geraldo Nobre, campeão dos campeões da Categoria Open foi nada menos do que Hexa. Na vice liderança do Intermediário, Fernando Vivas teve sua segunda colocação garantida por ausência de adversários, enquanto que Cedrick Vils realizou consistentes voos de Petrópolis ao longo de todo o ano e conquistou a merecida vice liderança da Categoria Open.

A pergunta que não quer calar para 2013 é novamente a mesma de todos os anos: quem será que vai conseguir destronar o Geraldo Nobre?

Um grande abraço e parabéns a todos!
Fabiano

domingo, fevereiro 19, 2012

Mais uma do Geraldo Nobre!


Nosso mestre não descansa nem no carnaval... hehehehe!


Ontem ele decolou de Petrópolis (Siméria) e foi pousar em Angra, mais precisamente em Bracui!


São 130 kms, e pelo track dele dá pra ver que depois de Itaguaí ele colou nas montanhas e foi por trás de Mangaratiba e continuou assim para Angra.






Ele está de brincadeira, isso que é folia aérea!!!

Parabéns Mestre!!!!
Bons voos,
Octavio 


terça-feira, fevereiro 14, 2012

Novo Recordista Carioca de Distância: Konrad Heilmann decolando de Porciúncula - 163 kms!




Quem convive com o piloto carioca Konrad Heilmann (Konrado) já deve tê-lo ouvido falar, quando o assunto é a busca de vôos de distância no Estado do Rio: "Não é Campos. O vôo tem que ser de interior. Tipo, Campos não é interior. Campos é vôo de litoral. O negócio é Porciúncula."

De fato, Campos esteve ultimamente bem cotada como possível origem do próximo recorde carioca, especialmente depois que o piloto José Guilherme Lopes Lessa (Zé Gala) conseguiu a distância de 133 Km decolando de lá - vejam só! – exatamente há um ano atrás, 6 de Fevereiro de 2011.

Mas Konrado tinha outra teoria...

Um dos mais dedicados pilotos brasileiros quando o assunto é buscar vôos de distância, Konrado sempre mostra grande determinação e paciência para buscar os vôos de qualidade, não interessando aonde seja. Ele pode acordar num determinado local e se a perspectiva de vôo não é boa, no momento seguinte Konrado é capaz de pular em seu carro e dirigir centenas de quilômetros, atrás de alguma opção que pareça melhor em outra rampa, nem que seja só no dia seguinte.

Fiel a este espírito, na semana passada, mais especificamente no dia 7 de Fevereiro, Konrado foi pela segunda vez, em duas semanas, tentar fazer um vôo longo partindo de Porciúncula.
Na primeira barca, no dia 25 de Janeiro, Konrado e Max Turiaco já haviam feito uma primeira investida em Porciúncula, o que resultou num belo vôo de 127 Km para o Max, enquanto Konrado teve que pousar prematuramente devido a um erro de decisão. Nós sabemos que o acesso para Porciúncula não é o mais fácil, a estrada é ruim e o caminho é longo. Além disso as opções de hospedagem não são as mais confortáveis. Mas só quem não conhece o Konrado acharia que ele ficaria desanimado em partir para uma segunda tentativa.

E de fato, doze dias depois, em 7 de Fevereiro, em nova barca com Max, Konrado partiria para conquistar o novo recorde carioca de asa-delta, cujo detentor até então, era o não menos dedicado Geraldo Nobre.

Geraldo, desde que bateu o recorde carioca em 4 de Março de 2007, num voo de 159Km iniciado em Nova Iguaçu e terminado próximo a Lorena-SP, vem se utilizando da tática de efetuar vôos de triangulação, que garantem uma maior pontuação OLC, usada para a maioria dos campeonatos online como o Rio XC. Na verdade, com esta tática Geraldo vem colecionando, literalmente, todos os títulos das edições do Rio XC, ano após ano.

Talvez o incentivo da pontuação do triângulo, somado ao conforto de decolar em Petrópolis, tenha retirado um pouco o foco, não só do Geraldo, mas também de outros competidores do Rio XC, dos vôos de distância em linha reta. A distância em linha reta é o verdadeiro medidor do vôo de distância, o padrão original desde os primeiros campeonatos de distância. Um vôo em linha reta poderia, discutivelmente, não estar sendo devidamente valorizado pelos padrões da OLC?

Bem, talvez possamos concordar que, ao menos, um vôo de recorde em linha reta têm um maior valor subjetivo do que vôos de triangulação no imaginário dos pilotos de asa!

Seja como for, no caso das decolagens do Rio de Janeiro, sabemos que é bem mais difícil conseguir uma distância longa em linha reta que arrecade a mesma pontuação OLC de um vôo de triangulação clássico, normalmente decolado das confortáveis rampas de Petrópolis, Sampaio ou Papucaia. Note-se que a maior pontuação do Rio XC Open 2012, mesmo depois do vôo recorde do Konrado, ainda é um triângulo decolado de Petrópolis!

No final de semana dos dias 4 e 5 de Fevereiro a maioria dos pilotos cariocas optou por decolar de Petrópolis, num final de semana de tempo bom e que gerou muitos pontos para o Rio XC. Esses pilotos também sabiam que por maior que fosse seu voo, teriam o conforto de dormir em casa. Nesses dias Konrado estava trabalhando em São Conrado no voo de instrução, e já preparava as malas para partir para Porciúncula durante a semana.

Vamos então ler os relatos dos pilotos presentes, tal como ouvido por este seu estafeta honorário neste último Domingo, no Pepino.

Nas palavras do Max Turiaco:

"Era um dia de final da condição no Estado do Rio. Da rampa de Porciúncula era visível que a condição na direção do Rio estava podre, enquanto que um pouco longe da rampa, na direção do interior, a condição estava formando muito bonita. As nuvens gastas da formação pelo lado carioca, estavam derivando de Sul para Norte, com algumas outras nuvens se formando numa camada abaixo da rampa. Uma rota que seria obviamente fraca para voar na rota mais tradicional em direção ao Rio. Decolamos da rampa Oeste de Porciúncula. Eu decolei primeiro e consegui ganhar com rapidez debaixo de um cumulus mal definido, de base esgarçada, que estava em cima da rampa. Essa térmica ao contrário do esperado, derivou de Norte para Sul, e quando comecei a me afastar da rampa, então na deriva da rota tradicional, pensei em tentar fazer um vôo local de ida e volta, pois não acreditava que seria possível atingir a condição de interior, que estava bem longe e ficando mais longe ainda com a derivada desta primeira térmica. Quando olhei para trás vi o Konrado, que teve muito mais dificuldade de ganhar a térmica inicial do que eu, porém ele ficou com ela, e forçou a derivada de Sul para Norte, e acabou, com muita paciência, ficando muito mais alto do que eu. Nessa hora tive que aplaudir o esforço e a tática de Konrado que já estava pensando em tentar jogar na condição de trás desde antes da decolagem. E foi o que ele fez, usou a altura para chegar na Pedra do Elefante. Ele mereceu o vôo porque foi atrevido e audacioso!".

De fato, se olharmos o vôo do Konrado vemos que ele foi a quase 2 mil metros na térmica inicial, e teve que brigar nesta altitude máxima até encaixar na condição do interior. Notem nesta primeira foto como as camadas estavam indefinidas e misturadas.



Nas palavras do Konrado:

"Eu tinha falado para o Max que seria possível engatar na condição de trás, se ficássemos altos na rampa, pois a formação do elefante era animadora. Então foi o que fiz, fui me segurando até o Elefante voando para Oeste, sem saber ainda exatamente o que estava acontecendo com o ar. A impressão era de que tínhamos várias camadas em conflito, que estávamos na beirada da condição, e nada estava definido. Fiquei trabalhando até chegar no Elefante, poupando a altura que tinha conseguido na rampa. Depois de ganhar no Elefante, fui sentindo que a condição estava chamando para o interior e depois que entrei nela, já estava em outra camada, o novo teto agora era de 2.500 metros. A partir daí o voo foi bem tranqüilo trabalhando as térmicas praticamente sem ficar abaixo de dois mil metros.”

Nesta bela foto a seguir, Konrado está aproximadamente no meio do voo, no trecho do vale de São José do Manhuaçu-RJ.


Segue o relato, nas palavras de Konrado:

“No meio do voo, deixei a Serra do Caparaó à minha direita, e pude sentir nitidamente a influência que esta Serra causa nos ventos de toda a Região. É lá que fica o Pico da Bandeira (2892 metros) e é impressionante a força que o Pico exerce sobre a condição. A sensação nítida que eu tinha era de que o Pico atua como um gigantesco sorvedouro de ventos, tragando toda a condição em volta e chamando os ventos em sua direção. Naturalmente o Pico em si é uma grande fonte termal, no entanto sua influência é negativa na extensa área em volta, e a Serra do Caparaó passa a ser um local a ser evitado.”

Olhem agora que beleza de cloud street Konrado pegou no início da cordilheira da serra entre Realeza e caratinga: sólido, chapado e alinhado!



Konrado acelerando na base:



Konrado chegando a Caratinga, com as formações começando a secar, porém com streets ainda bem definidos:



Aproveitando as últimas formações do dia, Konrado pousaria só às 7 da noite:

Talvez o mais impressionante nesta história toda, seja que Konrado, após este vôo de 5 horas e 163Km, tenha resolvido voar novamente no dia seguinte, optado desta vez pelo Ibituruna em Governador Valadares-MG e feito praticamente o caminho inverso ao do recorde do dia anterior, conseguindo outros impressionantes 151 Km! Como disse o Fiães, o cara é incansável!!

Antes de me despedir do bate-papo com o Konrado, ainda aproveitei para perguntar se o fato de o Max ter classificado o voo dele como “atrevido” e “audacioso” se deveria à escassez de pousos no início, quando ele teve que optar por voar sozinho, não muito alto, entre a rampa e a Pedra do Elefante. Konrado admite que sim, que “Não tinha muito pouso não, mas tinha, dava pra pousar nas chapadinhas em caso de necessidade.”

E continua, polêmico: “Sabe qual o problema da nova geração de voadores? Não aprenderam a pousar em roubada, pousar em chapada usando as asas intermediárias. Passaram muito rapidamente para as topless de alta performance e não querem ter que fazer aproximações de precisão. Temos logicamente que evitar ao máximo pousar em roubadas, fazer de tudo mesmo para não pousar, mas se tiver que pousar tem que saber pousar. Mas atenção: jamais me aventuro em locais sem pouso, sempre mantenho uma alternativa, mesmo que seja um pouso de emergência.”

É com esta postura ousada que Konrad Heilmann continua sendo um dos grandes nomes do voo de distância brasileiro! Parabéns ao piloto por mais esta conquista e por tornar esta edição do Rio XC muito especial logo neste começo de ano!

domingo, janeiro 01, 2012

Rio XC 2012

Neste momento é declarada aberta a edição 2012 do Rio XC!

Depois de vários anos promovendo esta competição, que tanto contribuiu para o aumento do nível técnico dos pilotos cariocas ao longo dos últimos anos, nosso amigo Fiães está passando adiante a administração e pretende se dedicar mais ainda ao que realmente gosta de fazer: voar com os amigos!

Neste momento, os pilotos cariocas aproveitam para agradecer ao idealizador do Rio XC Octavio Fiães que, além de conseguir encontrar algum tempo para voar em meio à sua rotina de piloto de jatos comerciais, sempre separou um pouco deste tempo para ajudar-nos a baixar e validar voos, resolver eventuais problemas de GPS, e ainda organizar nossas premiações de fim de ano.

Nosso sincero agradecimento por todo o trabalho e paciência ao longo destes últimos anos, e muito boa sorte para você e para todos os concorrentes!!